São Paulo: C. Teixeira & C. 1922. — 348 p.
Não o de todo em todo ocioso contar aos meus leitores, posto não atinjam uma dezena, alguma cousa acêrca dos Estudos, que ora se estampam, e o critério que lhe presidiu á feitura.
Diga-se, de passagem, que neste caro Brasil, a despeito das inúmeras gramáticas e dos sólidos estudos da língua portuguesa, vindos a público e acrescidos, nestes últimos tempos, dos esplêndidos trabalhos de Mário Barreto, o moço filólogo, a quem João Ribeiro, Carlos de Laet e Silva Ramos tecem aplausos justíssimos; 1 dos serviços de Eduardo Carlos Pereira, o gramático erudito; das monografias de Otoniel Mota; da valiosa Sintaxe de concordância de Carlos Góes e doutras produções de indefessos cinzeladores do idioma pátrio, sem falarmos no monumento de bronze que, á língua portuguesa, levantaram de sôbre pedestal inabalável, os dois maióres campeões dos nossos dias, Rui Barbosa e Ernesto Carneiro Ribeiro, ainda se descuram os primores da lusitana língua, E o afirmamos com assinalável pesar, porque estamos com Garlanda, o laureado glotólogo italiano, que «poche cose al mondo sono piú sugges-tive di pensieri e piú digne di meditazione che il linguaggio».
Desde 1912, vivo na cidade de S. Luís de Cáce-res, no Est. de Mato-Grosso, para onde vim em comissão, a fim de iniciar o remodelamento do ensino público, segundo os planos do de S. Paulo.
Dado a questões de nosso idioma, há alguns anos, os momentos de ócio que me sobejavam da vida afadigada do magistério e doutras ocupações, eu os empregava no redigir artiguelhos respeitantes á língua materna, aos quais os periódicos da terra, por nímia bondade, davam franco agasalho.
Mal a meu grado, nem sempre eu os podia ilustrar e documentar, convenientemente, por via de absoluta carência de obras filológicas, estrangeiras e nacionais, de dicionários latinos e de livros clássicos, tesouros que são de todas as línguas.
Daqui se conclue, apriorísticamente, que os meus Estudos padecem de alguma coisa de anemia, na documentação e na própria essência.